quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Saga Ferradura - Parte II - A Redescoberta

Sexta-feira, 10 de fevereiro, o mundo veio abaixo em Curitiba. Onde podia alagar, alagou!
Já tínhamos (pelo menos os mais raçudos) combinado de sábado ir terminar a trilha e pelo menos chegar até a via Sashimi, mas já começava a achar pouco provável tamanha era a ferocidade da calha cuspindo água num volume que chegou a formar um redemoinho nos fundos da minha casa.
A ideia era de ir com chuva mesmo, mas não naquela quantidade x intensidade!
Fui dormir já convicto que a vaca tinha ido para o brejo, levada pela enxurrada ............

Sábado, 11 de fevereiro, 06:35h da manhã chega mensagem no celular. Antes que eu começasse a lê-la já escutava a constante sinfonia da calha, que ao que tudo indicava estava trabalhando desde a noite anterior, sem sossego.
Xambre: "Caraio! Tá chovendo ainda! Acho que f*deu a parada!"
Respondi que com essa chuva não rolaria e se depois melhorasse o tempo, entraria em contato.
E melhorou! Bem, quer dizer, pelo menos parou de chover, ficou nublado, e para não acabar vendo o tempo abrir de casa, partimos pra roubada mais uma vez!
Mesmo com garoa no caminho e pouca possibilidade de tempo bom.
E eis que, o tempo abriu, céu azul, e aquela chance de abrir trilha com um clima mais fresco foi por água abaixo..........
Solzão comendo solto! E eu tinha me preparado para a chuva! Anoraque, calça impermeável, várias sacolas, roupa reserva, toalha, e, nem um protetor solar sequer na mochila......................

No caminho pegamos o Bambuzera e bóra "se divertir" !!!!

Como da outra vez, bateu meio dia e estávamos lá no mirante decidindo por onde começar a empreitada, novamente ......
Subir pela trilha que eu e Marcos abrimos há dois finais de semana atrás, que vai beirando a base da parede? Ou tentar achar a trilha antiga?

Resolvemos vasculhar um pouco e acabamos por achar as fitas e totens que marcavam por onde a antiga trilha passava.
E lá fomos nós, uma facãozada aqui, outra ali, uma pausa ou outra para apreciar a parede e suas inúmeras possibilidades de vias, e eis que derrepente, como em um passe de mágica, estávamos adentrando novamente num mar de samambaias gigantes!!!!!




No começo tudo é alegria, o facão come solto! Sem dó! Não fica uma samambaia em pé!
Chega a dar gosto olhar pra trás e ver a ciclovia que foi aberta!




Mas não demora muito para começar a cansar, e os gemidos, grunhidos, palavrões e coisas do gênero começarem a ecoar pelo vale.

Cerca de duas horas depois, após um dos cruxs, Xambre grita eufórico quando alcança a base da parede:
"Agora sim! Voltamos para a trilha original! Não precisa nem bater o facão por aqui!"

Eu e Bambu alcançamos onde ele estava, e enquanto os dois descansavam deitados sobre um colchão de mato, fui dar uma olhada um pouco para a frente da trilha. E eis que veio a constatação, saímos no final da trilha que eu e o Marcos abrimos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Isso quer dizer que seguindo por ali, dali pra frente, mato fechado outra vez!!!!!
E dá-lhe facãozada!!!!!!!!!!!




Começou a rolar aquele desânimo até que escutamos o segundo rio, e num ato desesperado começamos os 'saltos' morro abaixo amortecendo e amassando o que tinha de mato no caminho!
E assim foi, por vários metros até chegarmos no rio.
Riozinho massa! Deu pra dar aquela refrescada!
Subimos um pouco e reconhecemos onde que era a entrada da trilha original. Tem um empossado de água com areia nas margens, praticamente uma 'prainha'! Mais um pouco pra frente e finalmente chegamos!
Setor da Sashimi!
As chapas ainda estão lá!
Até por sinal tem umas vias novas antes, que acredito terem sido conquistadas pelo Ed e pelo Val um pouco antes do setor parar de ser frequentado.
Também achamos as tralhas dos dois por lá, dois sacos de dormir, equipamento para bater chapas, uma corda pra lá de velha, etc e tal.
Agora eles podem ir lá resgatar a aparelhagem.

Bambu e Xambre ainda tentaram dar uma escalada, mas estranhamente eles mal conseguiram se mexer na via, hehehehehehehehe.

Agora, com toda certeza, constatamos o potencial para se abrir vias ali!!!!

Seja na parede da Sashimi, que um pouco antes tem uma placa cheia de buracos, que facilmente proporcionam umas 5 vias, ou um pouco antes de cruzar o rio, onde saem vias grandes, mistas, ou inteiras fixas, ou inteiras em móvel!
Muita possibilidade, por toda a sua extensão!

Já pensando em não voltar aquilo lá no escuro, arrumamos as tralhas e começamos a volta.
E como não é do nosso feitio andar por onde já passamos anteriormente, resolvemos descer o segundo rio até o ponto onde ele encontra o primeiro rio, para daí subir este até o início da trilha.
Poucos minutos depois do começo da descida, Murilo "Dos Santos" já tinha pego confiança na prática do Le Parkour e executou com perfeição uma Dupla Pedalada Carpado no ar pousando suavemente dentro do rio.
A conclusão que chegamos com isso: "As pedras vermelhas são mais lisas que os troncos de árvore!"

Levamos uns 20 minutos para descer o rio, e depois mais uns 30 minutos para subir o outro.
O interessante que no meio da subida existe uma parte do rio onde a água bate quase no peito!
Não deu outra, mochilas jogadas para um lado, e mergulhos dados em sequência para aliviar o cansaço!

20h e chegávamos no mirante, eu, quase morrendo, constatando que estou com um condicionamento físico de uma pessoa quase em estado vegetativo, enquanto Bambu e Xambre já vislumbravam outra possibilidade de trilha, mesclando as que usamos nas duas empreitadas até agora.




Se a trilha ficar bacana ali, o setor vai ser alucinante! E, quem sabe, numa dessas uma furadeira tenha que ser adquirida para metralhar todas as possibilidades!!!

Em breve: Saga Ferradura - Parte III - Redenção .......

Fotos by Xambre.